SIMBOLISMO DO NATAL E DO NASCIMENTO DO MESTRE JESUS, O CRISTO
O final do ano e o começo do ano novo são momentos em que nos inquietamos e nos tornamos mais tolerantes. É claro que seria bem melhor se perdoássemos uns aos outros todos os dias do ano, mas parece que isto só é possível no Natal e no Ano Novo! De repente, nós nos lembramos que temos vizinhos, uma família e pessoas a quem queremos bem, e lhes oferecemos nossos melhores votos.
Apesar de todas as nossas boas intenções, na realidade, continuamos indiferentes! Pensar e se comportar consciente e amorosamente um dia por ano e passar por cima disto durante todo o resto do ano, isto mexe com a consciência!
Lembrar que nosso divino Mestre Jesus, o Cristo, jamais sugeriu que comemorássemos a data de seu nascimento, em nenhuma das escrituras, canônicas, apócrifas ou gnósticas.Veja o que ele nos pediu:
E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo:
"Tornai-vos praticantes da palavra, e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos!" Mestre Jesus , o Cristo (Ti 1:22).
O Poder divino é conferido quando, simbolicamente, Jesus emergiu da água e "os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele" (Mt 3:16). O iniciado que se compromete a servir a Deus na labuta de salvação da humanidade demonstra ser um filho dileto do Pai, o que é confirmado por uma voz celestial que afirma: "Este é o meu filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3:17).
Os doze apóstolos personificam as características do homem no mundo, com suas qualidades e fraquezas Pedro, por exemplo, representa a impulsividade e pusilanimidade do homem que ainda não aprendeu a controlar suas emoções. João, o discípulo que Jesus amava, retrata a alma, a unidade de consciência, que busca a inspiração do Alto, simbolicamente reclinando sua cabeça (símbolo da mente) sobre o coração de Jesus (símbolo do Cristo interior), para aí permanecer no aguardo da Graça Divina.
A sagrada eucaristia representa a integração do ser humano. Os aspectos da natureza humana, com suas negatividades e qualidades, os doze discípulos, recebem do Mestre Jesus, o pão e o vinho, símbolos da carne e sangue do Cristo, com a admoestação: "Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós" (Jo 6:53).
Mas naquele momento de angústia, em que o iniciado descortina sua missão e os sacrifícios e sofrimentos que lhe sobrevirão, ele verifica que está só. Não conseguirá nenhum apoio externo ou interno nesse momento de solidão, o que é simbolizado nos evangelhos pelos discípulos dormindo durante a oração (Mt 26:40-45).
Numa atitude normal a qualquer ser humano, ao perceber o intenso sofrimento que lhe aguardava, Mestre Jesus invoca a Deus e diz: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice" (Lc 22:42). Porém, como iniciado comprometido com a missão de redenção da humanidade, aceita as conseqüências de uma vida altruísta de total desapego, ainda que ao preço de sua própria vida, e submete-se humildemente à vontade divina.
A morte para o mundo e a ressurreição para a vida eterna, os dois aspectos complementares que simbolizam a quarta iniciação, têm lugar em Jerusalém, a cidade santa. O iniciado deve entrar nesse elevado estado de consciência em plena posse de suas faculdades humanas, ou seja, num corpo físico. Isso é simbolizado pela entrada de Jesus em Jerusalém montado num jumento, um quadrúpede domesticado, que representa os corpos inferiores do homem devidamente disciplinados.
O estágio do sofrimento parece ser o companheiro inseparável do iniciado. Na história de Jesus, começa com o sofrimento psíquico antecipado no Getsêmani, onde ele se sente terrivelmente solitário e sem o apoio de seus discípulos. No desenrolar dos acontecimentos, segue-se a traição de um discípulo e a fuga dos outros quando se sentem ameaçados.
Cristo é escarnecido e insultado pela multidão enfurecida, representando as paixões dos homens que sempre zombam da natureza divina. Depois ele é açoitado e espancado pelos soldados, que são os condicionamentos da natureza inferior que seguem as ordens de nosso inconsciente, sempre preocupado com a manutenção do status quo de nossa vida mundana.
O julgamento é feito por Pilatos, o governante da ordem exterior, que simboliza a personalidade. Mestre Jesus é devidamente apresentado como aquele que procura subverter a nação e, quando interrogado por Pilatos, confirma que é o Cristo, rei da natureza humana.
Os dois ladrões simbolizam os dois aspectos da mente, um dos quais se volta para o alto e segue o Salvador rumo ao Reino dos Céus. O túmulo na rocha no qual Jesus teria sido enterrado é também outra representação de que o Cristo espiritual é enterrado no plano mais denso da manifestação, o plano físico, de onde só é libertado após cumprir sua missão terrena.
É dito no Credo dos Apóstolos que, após a morte, Jesus "desceu ao inferno e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos." Na Bíblia é dito que: "Morto na carne, foi vivificado no espírito, no qual foi também pregar aos espíritos em prisão" (1 Pd 3:19).
Para os antigos o inferno não tinha a conotação de tormento eterno estabelecida mais tarde pela igreja. O inferno era tido como uma região ou lugar oculto, o Hades dos gregos, enfim, um submundo habitado pelas pessoas que deixavam o corpo físico para trás.
A morte e a ressurreição do Cristo representam alegoricamente a quarta iniciação. O que morre não é o corpo físico, mas o sentido pessoal de separatividade.
O que ressurge dos mortos é a alma agora consciente da unidade com o Todo e com todos os seres. A partir desse momento a alma pode deixar o sepulcro terreno, que é o corpo físico, sem nenhum lapso de consciência e entrar nas regiões superiores do mundo celestial.
A vivência da unidade confere ao iniciado uma profunda compaixão. Ele agora, além de procurar aliviar a dor dos que sofrem injustiças e violências, busca ajudar os injustos e criminosos. Ele sabe que o injustiçado, caso tenha a atitude correta, estará terminando seu ciclo cármico, enquanto o criminoso está iniciando o seu, atraindo para si pesada carga de sofrimento, na justa medida do sofrimento que causou. O iniciado só estará pronto para a quarta iniciação quando puder perdoar aqueles que lhe ferem, bem como os que ferem a todos os fracos e oprimidos, como Mestre Jesus, que em meio à agonia da crucificação, disse: "Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem" (Lc 23:34).
Para os budistas e hinduístas, aquele que recebeu a quarta iniciação é chamado de Arhat, sendo conhecido como o liberto que não mais precisa retornar ao mundo dos homens, tendo merecido o descanso paradisíaco no que chamam de Nirvana.
A alma (Jesus) agora venceu a morte, porque morreu para o mundo. Simbolizando o término de seu ministério terreno, o iniciado diz, como Mestre Jesus na cruz: "Está terminado" (Jo 19:30) e "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23:46).
No relato bíblico Mestre Jesus retorna dos mortos e fica algum tempo instruindo seus discípulos, preparando-os para prosseguirem com o ministério de salvação das almas. Esse retorno ao mundo terreno, seja num corpo físico, seja num corpo sutil, dependendo dos textos consultados, comprova o compromisso do iniciado em permanecer em nossa esfera terrena instruindo e ajudando a humanidade. Chega finalmente o dia que, em grande glória, ele ascende ao céu.
A quinta iniciação indica o término do aprendizado humano. O Mestre de Compaixão e Sabedoria alcança a perfeição e passa a ser um salvador de almas, seres, muitas vezes descritos como divinos. São verdadeiros mensageiros de Deus, trazendo, como Mestre Jesus, a eterna mensagem de salvação para as almas sofredoras.
No Evangelho de Tomé, os alunos dizem a Jesus:
"Diz-nos: como será o fim?" E Mestre Jesus diz:
"Já descobristes o começo? Pois onde está o começo, aí está o fim. Bem-aventurado aquele que se mantém no começo; ele conhecerá o fim e não experimentará a morte."
Seus discípulos lhe disseram: "Mostra-nos o lugar em que estás, pois é necessário que o procuremos." E ele disse:
"Que aquele que tem ouvidos ouça. Há luz no Homem de luz e ele ilumina o mundo inteiro, Se ele não tiver luz, está nas trevas."