quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Engano, Ilusões e Libertação




Se refletirmos bem, veremos que a mentira reina soberana. A busca pela vida interior exige que não nos deixemos sufocar pela falsidade deste mundo. O buscador anseia por se libertar, por confiar sua vida à alma que se enternece com a simplicidade e a verdade e se volta para o Espírito. Essa busca evidencia justamente quão profundamente a mentira está enraizada e quão mais grave que um simples vício ela é..."


Todos deploram a perda dos valores e dos princípios em nossa sociedade, mas calam certas coisas porque as palavras que as expressam são objeto da desaprovação geral. Os políticos fazem o elogio da virtude e estigmatizam a hipocrisia. Quanto à mentira e à fraude, elas parecem aceitas como algo normal. Não utilizamos esses nomes, mas quase todos somos culpados disso. Mesmo os que pensam ser honestos e francos e crêem nunca mentir. Os homens mentem para evitar os problemas, para proteger seu ego autoconservador que obstaculiza a simplicidade e a verdade, a luz que trazem no coração.


De onde vem a Luz? Ela provém da verdade, do Espírito - responde Hermes Trismegisto.


É verdade engloba tudo, ela é Deus mesmo. Ela é o Imutável. No espaço da manifestação, tudo está submetido à mudança. Uma coisa se vai, outra a substitui. E o novo encerra já a mudança. Na relação entre o mutável e o imutável, o mutável é o absolutamente não verdadeiro. Porque a verdade, segundo Hermes, só pode habitar em corpos eternos. Sob esse prisma, o homem terrestre pode ser qualificado de “não-verdadeiro”, por estar submetido à mudança. E isso possivelmente explica por que existe tanta mentira.




A mentira destrói o homem. Quando pensamos, uma corrente de energia elétrica atravessa nosso cérebro. Cada pensamento envia um impulso elétrico que é transmitido ao sistema nervoso. Todos os nervos partem do cérebro e se unem novamente no cérebro. Eles sulcam o corpo inteiro, todos os órgãos, o coração, o estômago, o fígado, os intestinos, os olhos, os músculos, até a ponta dos dedos, até a planta dos pés. O pensamento não permanece, pois, na cabeça; ele percorre nosso corpo e marca nossos olhos, nosso rosto, nossos gestos, nossa atitude, nosso sangue, nosso coração. Um pensamento emite uma onda elétrica que se propaga no corpo, que por sua vez reflete nosso pensamento: a energia-pensamento veicula a natureza e a qualidade de nossos pensamentos. Um pensamento negativo gera uma onda elétrica nefasta que danifica o corpo, e mesmo que ela esteja dirigida a alguma outra pessoa, é nosso próprio corpo que suporta as conseqüências disso.


Um pensamento benévolo também é portador de uma energia que pode ter uma influência salutar sobre nosso próprio corpo e o de outras pessoas, como, por exemplo, os pensamentos de amor e de perdão.



Mentir significa que temos dois pensamentos contrários na cabeça. Um provém da verdade e expressa, por exemplo, a realidade de uma situação. O outro provém da não verdade. Uma pessoa sensível nota de imediato se há mentira ou não. No cérebro, esses dois pensamentos estão em oposição, como dois inimigos. O princípio do detector de mentiras é medir a tensão resultante dessa oposição. Dois pensamentos contraditórios provocam uma tensão elétrica mensurável que se propaga pelo corpo inteiro através do sistema nervoso. O coração bate mais rápido, o estômago se contrai, os músculos também, os olhos piscam, o olhar se torna inquieto, o pulso acelera. As glândulas excretam um hormônio acidificante, tóxico para o corpo. Podemos, sem dúvida, contar histórias aos outros, mas não podemos enganar nosso próprio corpo. É impossível. Mentir não é algo inofensivo, quer nos demos conta ou não. A mentira corrói o corpo por essa tensão nociva.





A luz que o homem traz no coração é uma força elétrica de altíssima vibração, carregada de sabedoria e amor. A mentira e a Luz não podem irradiar juntas do coração. Ao mentir geramos dois males: destruímos o corpo e entravamos a Luz. A mentira começa com pequenas alterações da verdade, com exageros. Com o sucesso do procedimento, temos a tendência de continuar. E as coisas se encadeiam. Divertimo-nos em exagerar a verdade e, pouco a pouco, isso se torna mentira, e até embuste. Começamos com uma bola de neve, terminamos com uma avalanche. Temos em nós nosso próprio detector de mentiras. Os conflitos internos não deixam de manifestar suas conseqüências em nosso corpo, em nossa vida e na vida dos que nos cercam. Para saber o que é justo, é suficiente consultar seu próprio detector. Aquele que não o sente, aprende a senti-lo permanecendo atento à linguagem do corpo, que é uma linguagem universal e sempre justa.




Os movimentos da alma expressam-se no corpo e pelo corpo. Nesse movimento a alma natural nos diz o que é bom para nós e o que não é. A linguagem da nova alma provém da Luz. Nós nos esquecemos disso há muito tempo e não percebemos mais esse tranqüilo murmúrio. É uma linguagem sempre verdadeira, voltada para ao que há de mais nobre, de mais profundo no homem. A personalidade deve estar cada vez mais atenta à sua ressonância e não desejar conhecer nada diferente da verdade. A verdade às vezes é pungente, mas ela purifica. Quando a aceitamos, de inicio nos sentimos indefesos. Mas ao final de um certo tempo, o desejo por verdade cresce, pois ela é fonte de doçura, de liberdade e de alegria. Nesse espaço reconquistado, vemos nosso próprio estado com mais clareza. E, no mesmo instante em que os mecanismos de defesa do eu são enfraquecidos, é possível termos uma primeira percepção do advento do novo homem original.


Sabemos que ainda temos de percorrer um longo processo de transformação. Mas a certeza de finalmente termos encontrado o que há tanto procurávamos, nos dá toda a coragem. Sempre e novamente a verdade triunfa.


" Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
Mestre Jesus, o Cristo - João 8.32




























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