quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Drama milenar do Cristo e do Anti-Cristo


O Drama milenar do Cristo e do Anti-Cristo

"A Luz brilha nas trevas, mas as trevas não a reconhecem. Em nós e no mundo reinam duas naturezas opostas."

No cenário da humanidade histórica o Cristo é representado pelo EU espiritual, ou Alma do homem, que o grande Mestre chama de “Pai em nós”,“a Luz do mundo”, “o Cristo interno”, “o Reino de Deus”, “o Tesouro oculto”, “a Pérola preciosa”, “ a Água viva”.

O Anti-Cristo, por seu turno aparece, na história do homem e do gênero humano, na forma do Ego material-mental-emocional, que assume milhares de formas e feitios. O Eu crístico e o Ego anti-crístico, agem em duas dimensões diametralmente opostas. O Anti-Cristo só conhece “os reinos do mundo e sua gloria” e promete dá-los em recompensas aos seus adoradores e servidores, porque são dele, creação do príncipe deste mundo, que é o poder das trevas na linguagem do Cristo.


"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. " Mestre Jesus, o Cristo(Mateus 6.24)


O Cristo porém, afirma que “o meu Reino não é deste mundo”, não é do caráter deste mundo que , “jaz no maligno”, que é “dominado pelo príncipe deste mundo”. Sendo que este mundo é governado pelo Anti-Cristo, como ele mesmo afirma e como o Cristo confirma, não é de se estranhar que o príncipe deste mundo, não tolere nos seus domínios um intruso com o Cristo, cujo Reino não é deste mundo, embora esteja no mundo; é natural que o Anti-Cristo considere o Cristo como um indesejável, subversivo, e o hostilize, ora aberta, ora ocultamente, de acordo com a estratégia que lhe pareça ser mais eficiente na época.


Devemos viver no mundo sem ser do mundo.Vivemos na terra de um inimigo, que o Mestre Jesus, o Cristo chama "o príncipe deste mundo". (João 16:11) .

Nos primeiros tempos prevalecia a hostilidade aberta e violenta; mais tarde, a traição hipócrita revezou com a luta declarada; hoje em dia, predomina uma terceira estratégia, a tentativa de degradar o Cristo ao nível dos “cristãos” ou pseudos-cristãos. A tendência é fazer Cristo à imagem e semelhança dos “cristãos”, já que estes não tem a coragem de subir às alturas daquele. Fazer descer Cristo ao nosso nível condiz muito mais com o comodismo e o menor esforço dos que não querem sublimar-se ao nível dele. Em livros, filmes, e teatros, do alto das cátedras universitárias e dos púlpitos das igrejas se proclamam um pseudo-Cristo profano, horripilante, caricatura do Cristo do Evangelho e da realidade. E o que é há de mais repugnante é que são precisamente sacerdotes, pastores de igrejas cristãs, (*e muitos “místicos” de ocasião) que, de preferência, promovem essa deturpação do Cristo.


Violência, traição , deturpação, são estas as armas prediletas com que o Anti-Cristo luta contra a intrusão do Cristo em seus domínios terrestres. Aparentemente, o Cristo é sempre derrotado pelo Anti-Cristo, sempre crucificado, morto, e sepultado, desce até os infernos, na realidade, porém o Cristo sempre ressuscita, mesmo de túmulos fechados, sigilados e guardado por seus inimigos. É proibido ressuscitar, mas Ele sempre ressuscita.......


Os seus verdadeiros amigos o encontram sempre glorioso, por toda a parte, em todos os tempos. O drama milenar do Cristo e do Anti-Cristo continua, e todo homem acompanha ou este ou aquele grupo, por seu modo de pensar, de falar, de viver e mais ainda, pelo seu modo de ser. Hastearam a bandeira do Cristo sobre o quartel-general do Anti-Cristo.


Advertimos ao leitor que não confunda Fé com crença. Fé em latim fides, quer dizer fidelidade, harmonia entre a alma humana e o espírito de Deus ou do Cristo. Essa atitude de alta fidelidade é redenção, salvação, santificação, mas não tem nada que ver com crer ou crença. Infelizmente o substantivo fides não tem verbo derivado do mesmo radical, e os tradutores latinos do texto grego empregaram o verbo credere que em português deu crer.


Em grego o substantivo Pistis, correspondente ao latim fides, tem o verbo pisteuein, que poderíamos traduzir por fidelizar, ou ter fé. Mas, se dissermos crer em vez de ter fé, adulteramos profundamente o sentido. Crer, crença é algo incerto e vago, como quando dizemos: creio que vai chover, creio que fulano morreu. Crer em Deus, crer no Cristo, não é o mesmo que ter Fé, ou Fidelidade com Deus ou o Cristo. Quem tem Fé, Fides, Fidelidade com o Cristo, estabelece perfeita sintonia de pensamentos, palavras e obras entre si e o Cristo. Fidelizar ou ter Fé não é um superficial ato transitório, mas sim uma profunda e permanente atitude de todo o nosso ser, que é antes um estado de ser, do que um ato de fazer.


Aceitar Cristo é fácil, viver o Cristo isto é um problema de imensa gravidade.

Sem esse encontro consigo mesmo, nenhum homem realizará o seu encontro com Deus.


Huberto Rodhen (editado)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Manuscritos do Mar Morto - Qumran

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ORAÇÃO PERMANENTE



Muitas pessoas precisam de fatores externos para encontrarem Deus dentro de si. Outras vivem um vasto período de análise intelectual sem se permitirem um momento se quer, de intuição espiritual.
Nós não podemos chegar à verdadeira experiência de Deus somente por meio da análise mental. Isto é apenas uma preliminar que deve ser ultrapassada para poder se alcançar uma certeza espiritual.
A análise mental é como um grande labirinto sem saída.
Muitas pessoas ficam presas a métodos. Os grandes mestres não estavam preocupados com grandes métodos espirituais. O maior dos terapeutas dizia somente para que se orasse sempre. Sempre quer dizer orar 24 horas por dia, durante 365 dias por ano.
As pessoas confundem oração com reza, pensam que oração e meditação é um tipo de ato externo. Os mestres não falam de atos, falam de atitude. O que é atitude? Atitude é o modo de ser, não é agir, não é fazer alguma coisa, é ter a consciência do Ser, a consciência da Presença de Deus. Isso não significa pensar em Deus.
Não adianta nada ficar pensando em Deus por que isso é apenas um ato. As pessoas não sabem distinguir entre pensar e conscientizar.
Mas o que é conscientizar? Conscientização é um estado permanente da consciência.
Pensar é uma sucessão de atos transitórios. O pensamento é sucessivo e analítico.
A consciência nada tem haver com análise, com sucessividade. Ela é um estado simultâneo, permanente do nosso ser espiritual, do nosso Eu. Eu e consciência são a mesma coisa. Ego e inteligência são outra coisa.
A inteligência pensa, a consciência conscientiza, de maneira que, orar sempre não é pensar, não é falar, é ter a consciência do seu Ser.
Naturalmente que quem se identifica com o seu ego intelectual não pode conscientizar.
Agora, aquele que já descobriu a sua alma, o se Eu espiritual, pode perfeitamente conscientizar a Presença de Deus.O evangelho diz: "Eu e o Pai somos um, o Pai está em mim e eu estou no Pai". Isto é conscientizar a Presença de Deus.
Não podemos pensar em Deus durante as 24 horas do dia, somente se não fizermos mais nada fora disto, suspender todo o trabalho profissional e pensar em Deus, mas isso não é possível.
Agora, conscientizar a Presença de Deus é perfeitamente compatível com qualquer trabalho. Podemos trabalhar em qualquer profissão, dentro de uma consciência da Presença de Deus.
Conscientização é uma coisa muito parecida com respirar. Se alguém dissesse: "Você tem que respirar sempre e nunca deixar de respirar, por que se você deixar de respirar você morrerá em cinco minutos!" Isso é natural e todo mundo o sabe! Mas se a pessoa dissesse: "Eu não posso respirar sempre por que tenho que trabalhar!"
Mas que bobagem é essa? Ora, é a mesma bobagem que estão cometendo quanto a pratica espiritual.Dizer que não podem conscientizar a Presença de Deus por que tem que trabalhar numa fábrica ou tocar um tipo de negócio.
A respiração impede o nosso trabalho? Em absoluto, pois ninguém se preocupa com a respiração, durante as suas atividades do dia. As pessoas vão dormir tranqüilamente e continuam a respirar.
A Oração Permanente de que fala o grande mestre, é uma respiração da alma e nada mais. Assim como o corpo respira constantemente para poder viver, assim a alma deve respirar constantemente para poder viver. Quem não respira espiritualmente, morre espiritualmente.
Quem não tem a consciência da Presença de Deus, não vive espiritualmente, seu viver não tem qualidade.Duas coisas são necessárias para podermos viver fisicamente: comer e respirar.Podemos deixar de nos alimentar por vários dias, através de jejuns, e não morrer, mas não podemos ficar sem respirar. Em cinco minutos, a falta de oxigênio nos mata. O oxigênio do ar é vida para o nosso corpo. Das comidas, extraímos as calorias. As calorias não são tão necessárias quanto o oxigênio.
Os mestres exigem que oremos sempre e não nunca deixemos de orar. Na nossa linguagem, podemos traduzir esta exigência por:"Tende sempre a consciência permanente da Presença de Deus", mas nunca pensando em Deus como uma pessoa.
Deus é a vida Universal do Cosmos. Esta Vida Universal nos alimenta quando vivemos dentro da consciência cósmica da Presença de Deus. Para isto, não se faz necessário pensar. É um estado de consciência.
Os grandes mestres não recomendam uma meditação intermitente, uma hora por dia, eles exigem uma meditação permanente, 24 horas por dia. Isso não no sentido de um ato, mas sim num sentido de um estado. Não no sentido de um processo analítico de pensamento, mas sim, no sentido de uma consciência simultânea e permanente.
Isto para os principiantes é difícil de compreender, mas, se você se habituar a este estado de consciência, não a uma ato de pensamento, você irá verificar que a oração permanente ou o estado permanente da Presença de Deus, não impede nenhum trabalho, pelo contrário, torna todos os trabalhos mais fáceis.
Quando alguém se habituou a viver na consciência da Presença de Deus, ele verifica que os seus trabalhos outrora antipáticos se tornam simpáticos, outrora odiados, se tornam até amados. Ele pouco a pouco descobre que o trabalhar não é dever compulsório, mas sim, um querer espontâneo. Quando alguém passa do maldito dever para o bendito querer, então está tudo resolvido, por que o grosso da humanidade só trabalha por um maldito dever. Elas dizem que infelizmente tem que trabalhar para poder viver e sustentar a si e a sua família. Quando o trabalho é um maldito dever é um trabalho antipático.
Quando o trabalho se transforma num bendito querer então o trabalho fica com gosto.Todos os grandes iniciados trabalhavam muito; nenhum deles foi preguiçoso. Nenhum deles arranjou aposentadoria permanente para não trabalhar mais. Todos trabalhavam, mas, os verdadeiros iniciados trabalhavam por um bendito querer e não por um maldito dever.
Um dos mais modernos iniciado, escreveu o maravilhoso livro A Arte de Curar pelo espírito, diz: "na primeira metade de minha vida, eu trabalhava para viver. Na segunda metade da minha vida, eu vivo para trabalhar". Note bem como ele inverteu o programa: primeiro ele trabalhava para viver, o maldito dever de trabalhar.
Com o suor do teu rosto, ganharás o teu pão. Isto é dos não iniciados.
Ele dizia que trabalhava para viver, mas que depois que entrou na iniciação espiritual, passou a viver para trabalhar. Todos nós, sem exceção, podemos chegar a este ponto. Isto vai depender do estado de consciência da pessoa, pois o trabalho é o mesmo. O que pode ser diferente é o motivo pelo qual se trabalha: ou por dever ou por querer. Dever é desagradável, querer é agradável. O dever nos faz escravos, o querer nos liberta, nos torna servidores.Quem faz o que deve é escravo. Quem não faz o que deve é um mal escravo.Quem faz por querer, faz com alegria, boa vontade, entusiasmo e amor e por isso, é livre e feliz.
A Oração permanente não impossibilita o trabalho profissional, muito pelo contrário, qualifica-o, torna-o gostoso e agradável.
A Baghavad Gita recomenda: Trabalhar intensamente, mas renuncie a cada instante aos frutos do teu trabalho, não trabalhar por causa do resultado, mas por causa da autorealização.No Evangelho diz o nazareno: "Quando tiverdes feito tudo o que devíeis fazer, dizeis: agora somos servos inúteis, cumprimos a nossa obrigação, nenhuma recompensa merecemos por isso!" Não é trabalhar por recompensa, seja recompensa terrestre ou celeste, mas sim, por amor a sua autorealização, ao aperfeiçoamento do seu espírito, da sua alma, isto é um trabalho bendito!

Todos os grandes mestres recomendam aos seus discípulos que tenham duas asas para voar. Você já viu algum avião voar com uma só asa? Nenhum inseto voa com uma asa.
Uma asa só, por mais bela e forte que seja, não serve. As duas asas que os grandes mestres recomendam são: 1. Orai sempre e nunca deixeis de orar. 2. Quem não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo. A primeira asa é muito simpática, mas a segunda, para os não iniciados, é muito antipática. Por que entendem que renunciar como uma coisa muito dolorosa.
Eles logo compreendem por coisas materiais como dinheiro, casa, automóvel e outras coisas mais. Isso não é muito importante. Muito mais necessário é renunciar a si mesmo, que é muito mais importante do que renunciar a objetos.Mas, o que vem a ser renunciar a si mesmo? Quem não conhece a natureza humana não pode compreender estas palavras. Para esta pessoa, renunciar a si mesmo parece com suicidar-se. Mas isto não resolve nada, só piora a situação.
Enquanto a pessoa se identifica com o seu ego, não renunciou a seu ego. Somente quando descobre que não é o seu ego físico-mental-emocional, o seu invólucro humano, que isto ele tem, mas que isso ele não é, que ele é o seu espírito, a sua alma, a luz do mundo, a pérola preciosa. Então, ele renunciou.
Renunciar é o descobrimento da verdade sobre si mesmo! Quem não entrou no autoconhecimento, não renunciou! Renunciou a que? Aqui não se trata de renunciar a objetos externos, impessoais, trata-se de renunciar a um objeto pessoal, interno, chamado ego.
Dentro de nós existe uma ilusão de nos identificarmos com o nosso ego humano e é justamente a isso que devemos renunciar. Mas como renunciar a esta ilusão? Uma ilusão só pode ser combatida pela verdade.
Ilusão é escuridão, verdade é luz! É possível combater a escuridão a não ser pela luz? A ilusão de que eu sou o meu ego é uma treva, a verdade de que eu sou a minha alma é uma luz. Só podemos combater a ilusão de que somos um ego, pela ação da luz do autoconhecimento. Luz é presença, treva é ausência. Onde há 100% de presença há o de ausência.
O que os mestres recomendam é puro autoconhecimento e isto, cada um deve fazer. Cada um precisa responder satisfatoriamente a pergunta: Quem sou eu? Quando o homem chega a conclusão de que é o espírito de Deus em forma individual, então, está liberto de toda ilusão. Deus é Espírito Universal.Eu sou o espírito de Deus em formal individual. Eu sou uma emanação espiritual da Divindade Universal.
Então, a segunda asa é a renúncia. Quando se fala em renúncia, quase todo mundo se choca e pensa que se trata de uma renuncia a nível material externo. Pensam que renunciar é jogar tudo fora, perder tudo, ficar com nada. Isso não é verdade, pois a renúncia não se refere a coisas materiais, mas sim, mentais. A nossa falsa mentalidade ego é que deve ser renunciada.
Se alguém renunciar a ilusão da sua mentalidade errada, então ele é completamente livre. Só então ele é um discípulo dos grandes mestres. Se alguém renunciou a sua identificação com o seu ego e depois olhar para os seus bens materiais lá fora, será que ele tem dificuldades em renunciar a estes bens? Não tem nenhuma dificuldades!
A dificuldade é a renuncia interna e não a renuncia externa, pois isto é uma conseqüência de um transbordamento que pode ser constatado na vida de todos os grandes homens da história. Os inexperientes pensam que seja difícil a renuncia aos bens materiais.
Os iniciados sabem que a renuncia aos bens materiais é uma simples brincadeira. É coisa tão fácil como beber um copo d'água, pois o que é realmente difícil é renunciar ao seu ego mental, não ao seu ego material. No nosso século Mahatma Gandhi e Albert Shuawaseir fizeram a grande renuncia material colocando todos os seus bens materiais a serviço da humanidade.
As coisas materiais nunca foram nossas, isso é pura ilusão. Nosso foi o nosso ego mental e esse é muito nosso, pois é um objeto pessoal. Os bens externos são bens impessoais. Renunciar as coisas impessoais não é muito difícil, agora, recusar as coisas pessoais, aí sim é difícil! Quem passou pela maior aventura da renuncia pessoal, faz brincando a renuncia material por que isto é apenas uma conseqüência! Então, todos os grandes mestres exigem que voemos com as duas asas, que são a asa da oração e a asa da renúncia.
O engraçado é que muitos estão dispostos a criar a primeira asa da oração, mas quando se deparam com a segunda asa da renúncia, então retrocedem temerosos e tentam voar apenas com uma das asas. O resultado é que não conseguem voar!
Mas aquele que se habituou a oração, a consciência, não acha difícil a renuncia mental por que se ele já está convencido de que ele é a alma, de que ele é o espírito, ele também com a maior facilidade renuncia a ilusão de que ele seja o ego, por que se ele é o Eu, ele não pode ser o ego.
Uma coisa é a conseqüência da outra, de maneira que propriamente não são duas coisas; parecem ser duas coisas, oração permanente e renuncia total, mas no fundo são uma coisa só. Por que aquele que já fez a oração permanente, também já fez a renuncia do seu ego, por que a oração permanente é incompatível com a identificação com o ego. O ego de fato não é o Eu. Logo as duas asas quase se identificam.
Oração permanente e renuncia total, no fundo são duas asas, mas logo chegamos a conclusão de que podemos voar com uma asa só, contanto que as duas asas sejam identificadas apenas numa. Então, tudo virá como que um "helicóptero" no final, por que o helicóptero não tem duas asas. O avião precisa de duas asas para voar, mas o helicóptero não tem nenhuma asa e por isso ele pode subir em linha vertical. O avião precisa de uma enorme linha horizontal para subir. Quem descobriu que oração é renúncia e que renuncia é oração identificou as duas asas do avião numa só e pode subir na vertical como um helicóptero.

Esta é a grande verdade descoberta pelos grandes mestres.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!
Quem não tem asas tem que rastejar. Então, o principal está em criarmos asas para podermos voar. Uma minhoca não voa e se ela vê uma águia voando nas alturas, acha uma bobagem. Quem é minhoca, não pode compreender a liberdade de ser águia, prefere continuar rastejando, comendo húmus por debaixo da terra da sua ignorância. Mas, quem já não é minhoca e já tem consciência espiritual de águia, não se contenta com uma vida debaixo da terra, quer alçar vôo à luz do sol.
Isso é uma questão de desenvolver a consciência. A nossa evolução vai a espaços mínimos em espaços máximos. Precisamos muito tempo para dar um passo na evolução ascensional. Rastejar na horizontal é fácil por que isso não exige esforço nenhum. Deixar-se cair para baixo ainda é mais fácil. Involução é para baixo, estagnação é na horizontal e evolução é na vertical. Temos apenas estas três possibilidades. Involução é regresso. Estagnação, rotina. Evolução, para cima. A única difícil é a evolução. A estagnação é inércia, é ficar sempre no mesmo plano, empurrando a vida com a barriga.

Meus pais viveram assim, meus avós viveram assim, eu vou viver assim e os meus filhos e netos também vão viver assim. Isso é estagnação e quase todo mundo gosta da estagnação, ou se preferir, normóse. O que os outros fizeram, eu vou fazer também!
Deixa como está para ver com vai ficar isso! O ego adora uma estagnação, pois a mesma não exige esforço, é comodismo, é inércia horizontal, é ir adiante, mas nunca ir para cima! Para cima já é esforço. Mais fácil ainda é regredir, ir para baixo, involução ainda é mais fácil do que a estagnação. E muitos gostam disso!
Quem pensa está na horizontal. Quem não pensa vai abaixo da horizontal.
Quem conscientiza vai para cima, vai para as alturas.
Quem pensa fica só na horizontal, fica sempre na mesmice de milênios atrás. Não sai da rotina.
O grosso da humanidade prefere o rotineiro. Para eles, o principal é continuar na normóse da horizontalidade.Toda evolução exige esforço e o ego não gosta de esforço, por que ele é amigo da lei da inércia e do menor esforço.
Quem nunca saiu da consciência do ego, não vai sair da horizontalidade, se satisfaz com tudo aquilo que os seus antepassados fizeram e que ele espera que os filhos também o façam. Pronto!
Isto continua na horizontal.Existem uns poucos, uma pequena elite que se animam a sair da horizontal para a vertical. Eu digo para a vertical, mas isso não é possível em pulo só. Ninguém pode dar um pulo de 0 para 90º.
Entre o 0 da horizontal e o 90 da vertical está o nosso grande problema.
Temos que fazer um trabalho de desenvolvimento ascensional de 0 a 90. Do crer a pessoa pode cair para o descrer. Quem chegou à experiência espiritual do seu Eu Divino está definitivamente garantido.
Do saber a pessoa nunca mais pode cair para o não-saber. A autorealização não vem de fora, ela vem da conscientização da nossa realidade espiritual. Quem se conscientizou como sendo o Espírito de Deus, não pode saber mais se identificar com o seu pequenino ego humano.
A pessoa pode ter a crença que for, pode crer quanto quiser, mas por nenhuma crença poderá estar segura, por que do crer existe a possibilidade de um regresso para o descrer.
A pessoa só pode estar absolutamente segura a partir da experiência pessoal de Deus, quando experimenta em si mesma: "Eu e o pais somos um".
Somente um ângulo reto pode retificar a nossa vida. Retificação é autorealização.
Será que podemos chegar a retificação na vida presente? Sim, podemos! Não foram muitos que conseguiram esta retificação, do tipo Paulo de Tarso, Mahatma Gandhi, Francisco de Assis, Albert Shuaisteser e outros. Os grandes retificados, os grandes místicos são aqueles que tiveram a experiência pessoal de Deus, não a crença de Deus, mas a experiência de Deus e através dela, chegaram à absoluta certeza de que nunca mais poderiam recair ao padrão anterior de pensamento, sentimento e ações.
Da experiência não a regresso para a inexperiência. Da crença há regresso para a descrença. Por isso, a crença não garante a nossa autorealização.
A crença é um caminho para a experiência, mas muitas vezes, não se chega até lá. Quem para na crença não pode se sentir muito seguro. A crença pode ser como uma boa vontade, mas não é muito sabedoria.
É preciso muito mais que boa vontade, boa vontade ainda é crença. É preciso sabedoria, que é fruto direto da experiência.
Somente aquele que chegou a experiência vertical de Deus, pode ter a absoluta certeza de que não vai mais recair. A meditação é o instrumento pelo qual buscamos por 100% da consciência da realidade espiritual que somos.
É por meio da meditação que podemos não mais nos iludir com dúvidas ou incertezas.
É pela verdadeira meditação, que podemos chegar à certeza da nossa identidade essencial com o Espírito de Deus.
Huberto Rodhen

*Gnose, tem por origem etimológica o termo grego "gnosis", que significa "conhecimento". Mas não um conhecimento racional, científico, filosófico, teórico e empírico (a "episteme" dos gregos), mas de caráter intuitivo e transcendental. A Sabedoria ultrapassa o intelecto, através da intuição, contempla. A Sabedoria faz com que a Verdade seja inteligível. O intelecto usa a razão e o conhecimento discursivo.