quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O absoluto está acima do racional e não pode ser expresso em termos conceituais.

Relativa e absoluta,
Diz-se que são assim as duas verdades.
A verdade absoluta não está ao alcance do intelecto,
Porque o intelecto é relativo.

“O Caminho do Bodisatva” Bodhicharyavatara
O significado disso é que todas as declarações, todas as teorias, qualquer coisa que advenha de operações da inteligência racional, têm natureza de verdade relativa.
Teorias podem ter utilidade prática, confirmando experiências empíricas, mas como declarações sobre a verdade absoluta, a natureza das coisas elas são inadequadas.
O absoluto está acima do racional e não pode ser expresso em termos conceituais.
Assim, nas escrituras Pāli, há o registro de Buda dizendo que “o Tathāgata está livre de todas as teorias”.
Ou então: “A visão de que tudo existe, Kachchāyana, é um extremo; a de que nada existe é o outro extremo. Não aceitando os dois extremos, o Tathāgata proclama a verdade do caminho do meio”.
Isso significa que qualquer declaração que afirma conter a verdade absoluta, qualquer afirmação sobre “isso” ou “aquilo” ser real de modo absoluto, é falsa, falsa pelo simples fato de ser uma formulação resultante da inteligência conceitual.
À primeira vista, isso parece ser um tipo de niilismo.
Aparentemente, aponta que no correr normal das coisas não podemos conhecer nada sobre a verdade; a realidade parece estar totalmente além de nossa compreensão e a filosofia Madhyamaka [“Caminho do Meio”] frequentemente é mal compreendida e criticada por isso.
Mas dizer que o absoluto “não está ao alcance do intelecto” não significa que ele não pode ser conhecido; significa apenas que isso excede a capacidade do pensamento comum e da expressão verbal.
O conhecimento do absoluto transcende o pensamento.
Vai além do racional.
É não conceitual e não dual, muito diferente, podemos supor, de qualquer coisa que já vivenciamos.
Trata-se de prajñā: insight imediato e intuitivo sobre a “talidade”, a sabedoria da vacuidade além de sujeito e objeto.
Como alguém alcança ou mesmo se aproxima desse tipo de conhecimento?
Shāntideva dá a resposta numa estrofe-chave (esse é o momento de sua recitação em Nālandā quando, conforme a história, ele e Mañjushrī começam a levitar):
Quando alguma coisa e sua não existência
Estão ambas ausentes diante da mente,
Ela não tem opção,
Vindo a repousar perfeitamente; dos conceitos, livre.

“O Caminho do Bodisatva”
Essas linhas indicam a tarefa em nossas mãos: a mente deve ser deixada como é, livre e desembaraçada, simplesmente alerta, não mais presa e emaranhada em pensamentos, teorias e a coisificação de eu e substância.
Shantideva ཞི་ བ་ ལྷ ་.,(Índia, séc. VII) é o autor da Bodhisattvacaryāvatāra "Um guia para o caminho do Bodhisattva da Vida" ou "Entrando no Caminho da Iluminação."
Ele é um longo poema que descreve o processo de iluminação desde o primeiro pensamento ao pleno estado de Buda e ainda é estudado por budistas Mahayanas e Vajrayanas hoje.
Uma introdução e comentários sobre a Bodhisattvacaryāvatāra pelo 14º Dalai Lama chamado um relâmpago na escuridão da noite foi impresso em 1994. S.S. Patrul Rinpoche era um monge errante de grande erudição, que dedicou sua vida à propagação do Bodhisattvacaryāvatāra.
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.