segunda-feira, 25 de abril de 2016

Além do Materialismo Espiritual

“O ego é capaz de converter tudo para seu uso próprio, inclusive a espiritualidade, mesmo a meditação pode ser usada em favor do ego e contra o autêntico crescimento. Drogas, ioga, orações, meditação, transes, várias psicoterapias, tudo pode ser usado com essa finalidade”.
"Mesmo se não estamos procurando por ganhos materiais, podemos ainda estarmos procurando por algum tipo de ganho mental. Ambos são considerados ganhos mundanos. O Buda não ensinou o Dharma para ganhos mundanos."
A diferença entre materialismo espiritual e transcender o materialismo espiritual é que, no materialismo espiritual, promessas são usadas como uma cenoura na frente do burro, nos atraindo para todo tipo de jornada.
De acordo com a tradição budista, o caminho espiritual é o processo de atravessar e superar a nossa confusão, de descobrir o estado desperto da mente.
Quando este estado se encontra entulhado pelo ego e pela paranóia que o acompanha, assume o caráter de um instinto subliminar.
Dessa forma, não se trata de construir o estado desperto da mente, mas sim de queimar as confusões que o obstruem.
Tudo o que é criado, mais cedo ou mais tarde, tem de morrer.
Se a iluminação fosse criada dessa maneira, haveria sempre a possibilidade de o ego reafirmar-se, provocando um retomo ao estado de confusão.
A iluminação é permanente porque não a produzimos; apenas a descobrimos.
Na tradição budista, a analogia do Sol que surge por trás das nuvens é freqüentemente empregada para explicar o descobrimento da iluminação.
Na prática da meditação, removemos a confusão do ego a fim de vislumbrar o estado desperto.
A ausência da ignorância, da sensação de opressão, da paranóia, descerra uma visão fantástica da vida.
Descobrimos um modo diferente de ser.
Como tomamos por real a nossa visão confusa, lutamos para manter e incrementar esse eu sólido.
Tentamos alimentá-lo com prazeres e escudá-lo contra a dor.
“Mas”, poderíamos perguntar, “se a nossa verdadeira condição é um estado desperto, por que nos ocupamos tanto em evitar que tomemos consciência disso?”
Porque estamos tão imersos em nossa confusa visão do mundo que consideramos real o único mundo possível.
Essa luta por manter o senso de um eu sólido e contínuo é obra do ego.
O ego, contudo, consegue apenas sucesso parcial em sua tentativa de defender-nos do sofrimento.
É a insatisfação que vem junto com a luta do ego que nos inspira a examinar o que estamos fazendo.
E, uma vez que sempre existem hiatos na consciência que temos de nós mesmos, torna-se possível algum discernimento.
Uma interessante metáfora empregada no Budismo tibetano para descrever o funcionamento do ego é a dos ‘Três Senhores do Materialismo”: o “Senhor da Forma”, o “Senhor da Fala”, e o “Senhor da Mente”.
Na discussão que se segue sobre os Três Senhores, as palavras “materialismo” e “neurótico” dizem respeito à ação do ego.
O Senhor da Forma refere-se à perseguição neurótica do conforto físico, da segurança e do prazer.
Nossa sociedade altamente organizada e tecnológica reflete nossa preocupação em manipular o ambiente físico de modo a nos salvaguardar das irritações provenientes dos aspectos crus, rudes e imprevisíveis da vida, tudo são tentativas de criar um mundo controlável, seguro, previsível e prazeroso.
O Senhor da Fala tem a ver com o emprego do intelecto no relacionamento com o mundo.
Adotamos grupos de categorias que servem como alavancas, como meios para manipular fenômenos. Nacionalismo, comunismo, existencialismo, Cristianismo, Budismo, todos nos proporcionam identidades, regras de ação e interpretações de como e por que as coisas acontecem como acontecem.
O Senhor da Mente refere-se ao esforço da consciência em conservar a percepção de si mesma.
O Senhor da Mente impera quando usamos disciplinas espirituais e psicológicas como meios de conservar a consciência que temos de nós mesmos, de nos agarrar ao senso de eu. Drogas, ioga, orações, meditação, transes, várias psicoterapias, tudo pode ser usado com essa finalidade.
Se prendemos, por exemplo, uma técnica de meditação dentro de uma prática espiritual particularmente benéfica, o ego se põe, primeiro, a tratá-la co mo um objeto de fascinação e, depois, a examiná-la.
Nossos hábitos mentais se tomam tão fortes que fica difícil penetrá-los.
Podemos até chegar ao desenvolvimento totalmente demoníaco da completa “Egoidade”.
Se examinarmos nossos atos, quase todos concordaremos, provavelmente, em que somos governados por um ou mais dos Três Senhores.
“Mas”, poderíamos perguntar, “e daí?
Isto é simplesmente uma descrição da condição humana.
Sim, sabemos que a tecnologia não consegue pôr-nos a salvo de guerras, crimes, doenças, insegurança econômica, trabalho laborioso, velhice e morte; tampouco nossas ideologias nos resguardam da dúvida, incerteza, confusão e desorientação; nem podem as nossas terapias proteger-nos da dissolução dos altos estados de consciência que viermos temporariamente a alcançar ou da desilusão e angústia daí decorrentes.
Buda examinou o processo pelo qual os Três Senhores governam.
Descobriu que os Três Senhores nos seduzem criando um mito fundamental: o de que somos seres concretos.
Todavia, o mito, em última análise, é falso, uma imensa burla, uma fraude gigantesca, a raiz do nosso sofrimento.
Para fazer essa descoberta, ele precisou romper as defesas muito complexas erguidas pelos Três Senhores, com o fim de impedir que seus súditos descobrissem o engano fundamental que é a origem do poder deles.
O método descoberto pelo Buda foi a meditação.
Ele verificou que lutar para encontrar respostas não surtia efeito.
Só quando havia brechas na sua luta é que lhe acudiam discernimentos.
Começou a dar-se conta de que existia dentro de si uma qualidade sadia e desperta que só se manifestava na ausência de luta.
Por isso, a prática da meditação implica “deixar ser”.
Dessa forma, aprendemos como lidar com esses fatores, como relacionar-nos com eles, não no sentido de fazê-los amadurecer como gostaríamos, mas no sentido de conhecê-los como são e de trabalhar com o seu padrão.”
Além do Materialismo Espiritual
Chögyam Trungpa Rinpoche (1939-1987)
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

JESUS VIVEU NA ÍNDIA

Há um período da vida de Mestre Jesus, o Cristo que permanece obscuro, desafiando historiadores, estudiosos e buscadores.
As narrativas bíblicas interrompem a história de Cristo quando ele tem 12 anos e só a retomam quando já completou 30.
O teólogo alemão Holger Kersten revela que logo no início da adolescência Jesus rumou para a Índia, onde foi iniciado no budismo por Lamas e Rinpoches.
Para apoiar essa tese, ele apresenta uma farta documentação histórica e uma análise acurada da Bíblia e de textos legados pelas civilizações orientais.
Desafiando os dogmas da igreja, este livro aponta uma série espantosa de coincidências entre a doutrina budista e a cristã, provando que Jesus se encontrava mais próximo daquela que do judaísmo ortodoxo que sempre rejeitou.
Mestre Jesus e a Kashmira onde era conhecido pelo nome de Yuz Asaf, que significa “líder dos curados”. Segundo o Alcorão ele não morreu na cruz; na fé islâmica é conhecido pelo nome de Issa (Isa).
Existem vinte e um documentos que comprovam sua presença na Kashmira. Entre eles, há uma coletânea de antigas narrativas hindus chamadas Puranas (velho), em dezoito volumes. O nono fala sobre o estabelecimento dos israelitas e de Jesus na Índia.
Ele se identifica para o rei como vindo de país estrangeiro, filho de Deus, nascido de uma virgem, fala de seu sofrimento e afirma ser Isa-Masih, que quer dizer “Jesus, o Messias”. Várias fontes históricas da Kashemira confirmam que Jesus e Yuz Asaf são a mesma pessoa.
(Foto: *Rozabal que quer dizer túmulo do profeta é o nome de um santuário localizado na cidade de Srinagar na Kashmira - India. Os moradores acreditam que um sábio enterrado é Yuz Asaf que seria o Mestre Jesus. o santuário está atualmente sob controle muçulmano e os visitantes e peregrinos não são permitidos,são hostilizados e desencorajados de visitar. Os Fundamentalistas Religiosos Islâmicos afirmam que é um insulto à sua fé de que alguns acreditem que ele seja o túmulo de Jesus.) *Nota: Estive recentemente em Srinagar na Kashmira e no Monastério Hemis e tivemos entrevista com o Lama Abade do Monastério
.

O povo Kashmir acredita que são descendentes de uma das tribos de Israel escravizadas por Nabucodonosor, constatei recentemente que diferem fisicamente dos indianos, paquistaneses e afegãos. Os kashmiris possuem uma rica tradição com aspectos culturais e sociais muito interessantes ao longo dos séculos as tradições étnicas e culturais têm permanecido até certo ponto intactas.

Assim, apareceu em 1894 um livro em francês intitulado La Vie Inconnue de Jésus-Christ en Inde et au Tibet (A vida desconhecida de Jesus Cristo na Índia e no Tibete), publicado por Nicolas Notovich (1858–1916?), cujo tema era: onde esteve Jesus dos doze aos trinta anos?

Notovich dizia que estivera no Tibet em 1887, onde encontrara, no Mosteiro de Hemis, um antigo manuscrito que falava a respeito de um sábio chamado Issa.

Logo ele percebeu que esse sábio teria sido Jesus.

Porém, quando o professor Max Müller (1823–1900) em 1894 investigou a fundo essa provável bomba-relógio sob os alicerces da religião cristã estabelecida, descobriu-se que o livro apresentava muitos dados inconsistentes.

Enquanto ocupava-se desse assunto, em 29 de junho de 1894, recebeu uma carta vinda de Leh, Ladakh, de uma amiga inglesa que costumava fazer viagens.

Nessa carta ela escrevia: “Ontem estivemos no grande Mosteiro de Hemis, o maior mosteiro budista aqui da região com 800 monges.

Você ouviu falar acerca de um viajante russo […] que teria vindo aqui para copiar um manuscrito budista sobre a ‘vida de Cristo’? Ele diz que vira esse manuscrito e o publicara em francês. Não há nada de verdadeiro nessa estória toda! Nenhum russo esteve aqui! […]

Uns anos depois, em junho de 1895, quando o professor J. Archibald Douglas procurou no referido mosteiro informações sobre a existência de uma ‘Vida de Issa’, ele descobriu que ela era totalmente desconhecida. Além disso, o abade assegurara que, nos cinquenta anos anteriores àquela data, nenhuma pessoa estivera ali indagando sobre semelhante livro.
Defendendo-se dessas acusações, Notovitch chamou a atenção para o fato de que o livro era composto de muitos fragmentos separados, que ele havia colecionado em vários mosteiros; porém o estrago já estava feito. Embora citando o nome de muitas pessoas que poderiam testemunhar que elerealmente estivera no Tibet, ninguém quis dar-lhe crédito.Em uma de suas viagens, Notovitch conheceu no Monastério Hemis, em Ladakh, um Lama estudioso da vida de Isa. Este Lama traduziu para Notovitch, que anotou a mão, documentos escritos em páli (língua dos livros sagrados budistas), contando sobre a passagem de Isa na índia, numa época que corresponde àquela em que Jesus viveu é, principalmente, no exato período em que a Bíblia não registra sua presença na Palestina.
Na mesma época, o sábio Sri Ramakrishna (1836–1886) con fiou a dois de seus discípulos, Vivekananda e Abhedananda, a tarefa de divulgar no Ocidente a profunda sabedoria dos Vedas. Abhedananda, deparando-se com a controvérsia sobre A vida desconhecida de Jesus, o Cristo, decidiu-se de uma vez por todas apurar a lenda e demonstrar que esse manuscrito não existia.

Em 1922, foi à Índia para estudar o budismo. Cruzou o país a pé e atravessou o Himalaia até o Tibete, onde também visitou o Mosteiro de Hemis. Ali, de fato, ele descobriu um manuscrito com o mesmo conteúdo descrito por Notovich que falava sobre os anos esquecidos de Jesus.

Publicou esse texto como Apêndice 2 em seu livro intitulado Journey into Kashmir & Tibet (Viagem na Caxemira e no Tibete) editado pela Ramakrishna Vedanta Math, em Calcutá.

Em 2001 apareceu a mais recente edição deste livro, sobre a qual um crítico escreveu: “[…] o mais formidável deste livro é o Apêndice 2, que apresenta o texto completo de uma tradução inglesa de uma tradução francesa de uma tradução russa de uma tradução tibetana de um documento escrito originalmente em língua páli, sobre a vida de Jesus”.
O escritor Holger Kersten conta que em 1939 uma senhora suíça chamada
Elizabeth Caspari, durante uma peregrinação ao monte Kailasa, fez uma visita ao Mosteiro de Hemis.
Ela fazia parte de um grupo dirigido pela senhora Clarence Gasque, presidente da World Association of Faith (Associação Mundial da Fé).
O bibliotecário do mosteiro, ao mostrar-lhe antigos documentos, disse-lhe: “Estes livros falam sobre a permanência de Jesus aqui”. A senhora Caspari tomou nas mãos um dos livros que lhe foram mostrados. Nenhuma das senhoras que a acompanhavam jamais tinha ouvido falar sobre as descobertas de Nicolas Notovich, e por isso deram pouca atenção aos escritos.
Ao que parece, logo em seguida os escritos desapareceram do mosteiro.
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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Kali Yuga, कलियुग, "Idade do do Vício ou do Ferro", a era de degenerescência.

Escrituras como o Mahabharata e o Bhagavata Purana apresentam Kali Yuga como uma era de crescente degradação humana, cultural, social, material, ambiental e espiritual, sendo simbolicamente referida como Idade das Trevas porque nela as pessoas estão tão longe quanto possível de Deus.
O Senhor Buda, muito longe de negar que havia um Absoluto, garantiu que aqueles que alcançassem a iluminação deveriam se fundir com Isso e assim perceber a Realidade em oposição ao mundo das ilusões e dos fenômenos.
Kali Yuga, sânscrito: कलियुग, "Idade do do Vício ou do Ferro" é um período que aparece nas escrituras hindus. É a última das quatro etapas que o mundo atravessa; sendo as demais: Satya Yuga, Treta Yuga e Dwapara Yuga.
A era de Kali Yuga é também denominada a Era de Ferro. Kali Yuga iniciou no final da vida corpórea de Krishna (aproximadamente 5.100 anos atrás) que foi avatar ou manifestação de Brahma, Vishnu e Shiva.
O Kali Yuga que agora reina sobre o Oriente e Ocidente.
No Bhagavata Purana, há uma lista de previsões e profecias sobre os tempos sombrios para a presente era de Kali Yuga. As 15 previsões, escritas há 5.000 anos pelo sábio Vedavyasa, são surpreendentes porque parecem tão precisas.
-Religião, verdade, tolerância, misericórdia, duração da vida, saúde, força física e a memória todos diminuirão de dia para dia devido à forte influência da era de Kali.
-Em Kali Yuga, a riqueza por si só, será considerada o sinal de bom nascimento de um homem, comportamento adequado e boas qualidades.
A lei e a justiça será aplicado somente sobre a base de poder da pessoa.
-Haverá monarcas (governos) contemporâneos reinando sobre a terra, reis (governantes) de espírito mau e caráter violento, votados a mentira e à perversidade.
-Gente de vários países, unindo-se a eles, seguirão o seu exemplo.
-A riqueza e a piedade diminuirão dia-a-dia até que o mundo se depravará por completo...
-Homens e mulheres vão viver juntos apenas por causa da atração superficial, e sucesso nos negócios dependerá do engano. Feminilidade e masculinidade serão julgados de acordo com sua experiência em sexo, e um homem será conhecido como um brâmane apenas vestindo um fio.
-Posição espiritual de uma pessoa será apurada apenas de acordo com símbolos externos, e com o mesmo fundamento as pessoas vão mudar de uma ordem espiritual para o próxima. Decoro de uma pessoa será seriamente questionada se ele não tiver uma boa vida. E um que é muito inteligente com malabarismo de palavras será considerado um erudito.
-Uma pessoa será julgada profana se ela não tem dinheiro, e hipocrisia será aceita como virtude. Casamentos serão organizados simplesmente por acordo verbal.
- Encher a barriga se tornará o objetivo da vida, e aquele que é audacioso será aceito como verdadeiro. Aquele que pode manter uma família será considerado como um homem perfeito, e os princípios da religião será observada apenas por uma questão de reputação.
-Como a terra torna-se lotada com uma população corrupta, quem quer que entre qualquer uma das classes sociais, mostra ser o mais forte vai ganhar poder político.
-Assediado por impostos excessivos e fome, as pessoas vão recorrer a comer folhas, raízes, carne, mel silvestre, frutas, flores e sementes. Golpeado pela seca, elas se tornarão completamente arruinadas.
-Os cidadãos vão sofrer muito de frio, vento, calor, chuva e neve. Eles serão ainda mais atormentado por brigas, fome, sede, doenças e ansiedade severa.
-A duração máxima da vida para os seres humanos em Kali Yuga se tornará 50 anos.
-Homens deixarão de proteger os seus pais idosos.
-Em Kali Yuga os homens vão desenvolver ódio por si mesmo e sobre algumas moedas, perderam todas as relações de amizade, eles estarão prontos para perder suas próprias vidas e matar até mesmo seus próprios parentes.
-Homens incultos vão aceitar caridade em nome do Senhor e vão ganhar o seu sustento, fazendo um show de austeridade e vestindo um vestido de mendigo. Aqueles que nada sabem sobre religião, vão montar um assento elevado e com presunção de falar em princípios religiosos.
-Servos vão abandonar o mestre que perdeu sua riqueza, mesmo que esse mestre seja uma pessoa santa de caráter exemplar. Mestres vão abandonar um servo incapacitado, mesmo se aquele servo tenha estado na família há gerações. As vacas serão abandonadas ou mortas quando parar de dar leite.
-Cidades serão dominadas por ladrões, os Vedas será contaminado por interpretações especulativas dos ateus, os líderes políticos vão praticamente consumir os cidadãos, e os chamados sacerdotes e intelectuais serão devotos de suas barrigas e genitais.
O tempo, assim como o espaço, é feito de oposições (dvanda).
Ambos são gerados na ação dos três gunas, que são três fios da corda que amarra o homem sobre a roda do samsara.
• Tamas, a gravidade e a ignorância, liga pela negligência e pela indiferença;
• Rajas, o movimento, a ação, liga pelo orgulho e a vaidade, e pela tendência ao ativismo;
• Sattva, a harmonia, a paz e a claridade,liga pela tendência a procurar a felicidade e os conhecimentos.
Segundo a antiga sabedoria dos indianos, o mundo está em queda e continua a se atolar na luta das oposições (dvanda) e na ilusão (maya).
Atualmente ele alcançou o ponto mais baixo, a matéria grosseira, as trevas.
Um período do mundo consiste de quatro épocas, sendo a primeira a
mais longa, a última a mais curta.
No Krita Yuga, o dharma, penetra o universo.
Todos os seres vivos se consagram inteiramente a manter a ordem
sagrada.
No Tetra Yuga, o ritmo do mundo se acelera. Só três quartos do dharma
sagrado estão presentes. As leis sagradas já não são espontaneamente postas em prática, mas devem ser ensinadas e aprendidas.
O Dvapara Yuga, é a época em que foi estabelecido o equilíbrio entre a perfeição e a imperfeição. O conhecimento direto da ordem divina é cada vez menos acessível.
No Kali Yuga, a transmissão das normas santas é totalmente perdida. No jogo de dados, Kali é a jogada do perdedor.
Segundo o Vishnu Purana, o Kali Yuga começa quando na sociedade o único poder é o da riqueza, a única virtude, a posse, a única ligação entre o homem e a mulher, a paixão, a única fonte de prazer, o acasalamento, o único fundamento do sucesso, a traição...
A destituição do divino, do dharma, do ensino, é a razão pela qual o Kali Yuga dura menos tempo. Esta época, na qual a humanidade atualmente se encontra, dura 432 000 anos e começou com o parinirvana do divino Krishna.
Apesar do tom negativo dessas profecias, ainda há um ponto brilhante para parte da humanidade.
O Absoluto é, aqui, o “Axis Mundi”, o Monte Meru.

Aspirações

Aspire não apenas entender o Dharma intelectualmente, mas também compreendê-lo experiencialmente.
Aspire corporificar bodhichitta absoluta e relativa, e assim não apenas a sua boa aparência, conhecimento e influência política atrairão e magnetizarão os seres sencientes.
Aspire criar conexões com as pessoas, mesmo com aqueles que você vir só de relance, com uma camiseta de cores vivas em meio à multidão, que possam ter como resultado uma semente de Dharma plantada em suas mentes.

Aspire o contínuo florescimento do Buddadharma e reze para que surjam muitos grandes detentores do Darma e que seus esforços para libertar todos os seres sencientes sejam livres de obstáculos.
Aspire que seu corpo, seu propósito, e todas as suas ideias e pensamentos, de uma forma ou de outra, tornem-se benéficos para os seres sencientes. Por exemplo, se de repente tiver um desejo de verificar a situação do mercado de ações, possa esse pensamento mundano amadurecer em uma manifestação benéfica.
Aspire nunca renascer na família de um bilionário, porque essas circunstâncias fariam com que você tivesse uma visão de mundo cor-de-rosa e o privaria da riqueza de compreender o Dharma.
Ao mesmo tempo, aspire tornar-se presidente dos Estados Unidos, da China ou da Rússia, para que possa beneficiar habilmente seres sencientes com o poder que esse trabalho trouxer para você.
Aspire tornar-se uma prostituta em um decadente distrito da luz vermelha de uma grande cidade, e que a Bodhichitta brote na mente de qualquer um com quem você tenha contato.
Aspire praticar o Dharma minuciosamente e completamente, e reze para que não fique sempre esperando o momento certo para começar a praticar.
Quando tiver tempo, vá para algum lugar calmo e pratique.
Aspire nunca adiar uma prática que você já conhece porque deseja obter um conhecimento mais intelectual do Dharma.
Aspire vivenciar a tristeza.
Aspire sempre tomar a direção certa, por mais ignorante que você possa ser.
Reze para que quando você correr atrás de desejos sem sentido, o objeto de seu desejo leve você a beneficiar os seres sencientes.
Quando perder a paciência, possa você se sentir constrangido com o seu comportamento e ganhar alguma realização.
Quando se sentir deprimido, possa a própria depressão ser a causa para você realizar a verdade.
E o mais importante de tudo, sempre aspire aspirar.
Dzongsar Khyentse Rinpoche
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.

Dharma

"Ganho, elogio, fama, prazer, e seus quatro opostos, que são coisas pelas quais temos aversão, juntos constituem as oito preocupações mundanas*.
Nada no mundo é mais vergonhoso do que usar o Dharma para tentar satisfazer seus desejos mundanos."

*As oito preocupações mundanas consistem em quatro pares de prioridades: buscar aquisições materiais e evitar sua perda; buscar o prazer dirigido pelo estímulo e evitar o desconforto; buscar o elogio e evitar a crítica; e manter a boa reputação e evitar a má reputação. O problema é que, quando nos concentramos nas preocupações mundanas como um meio para a felicidade, a vida se torna um jogo de dados.A deficiência fatal das oito preocupações mundanas é que elas são Dharma falsificado.

Khenpo Ngawang Pelzang, é considerado uma emanação de Vimalamitra, o grande mestre indiano que foi responsável, junto com Guru Padmasambhava, por introduzir os ensinamentos do Vajrayana no Tibet no século VIII. Em "Um guia para As Palavras do Meu Professor Perfeito" - Patrul Rinpoche
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.

Natureza Buda

Atualmente, o estado de pessoas comuns é como ouro puro coberto de sujeira.
Nossa natureza de Buda está coberta por obscurecimentos temporários.
Uma das principais camadas que precisam ser purificadas é nossa fixação na dualidade, na realidade sólida.
Uma vez que ela é purificada então o ouro é apenas puro ouro.
Enquanto nossa mente estiver confusa, revolta, iludida e enganada, nossa natureza de Buda continua se arrastando pelos reinos do samsara.
Mas quando a mente está não-confusa, não-enganada e não-iludida, é a própria natureza de Buda.
Não é que a natureza de Buda é uma coisa e nossa mente é outra, separada.
Elas não são duas entidades diferentes.
A mente desiludida por si só é o puro ouro, a natureza de Buda.
Seres sencientes não têm duas mentes.
Quando a mente está iludida, a ela é dado o nome “ser senciente”.
Quando a mente está desiludida, desenganada, ela é conhecida como “Buda”.
Tulku Urgyen Rinpoche
Que todos os seres possam se beneficiar!

Avalokiteshvara

Conta-se que, há inumeráveis eras, mil príncipes juraram tornar-se Budas.
Um deles quis tornar-se o Buda que conhecemos como Sidarta Gautama.
Avalokiteshvara, no entanto, prometeu não obter a iluminação até que todos os outros mil príncipes a tivessem conseguido.
Na sua infinita compaixão, ele também fez o voto de liberar todos os seres sencientes do sofrimento dos vários reinos do samsara.
Diante dos Budas das dez direções, ele rezou: “Possa eu ajudar todos os seres, e se alguma vez cansar nesse trabalho imenso, possa o meu corpo ser despedaçado em mil partes”.
Conta-se que primeiro ele desceu aos infernos, subindo gradualmente através do mundo dos fantasmas famintos até o reino dos deuses.
De lá olhou para baixo e viu horrorizado que, embora tivesse salvo inúmeros seres do inferno, incontáveis outros estavam caindo lá.
Isso o deixou na mais profunda dor.
Por um instante ele quase perdeu a fé no seu nobre voto, e seu corpo explodiu em mil pedaços.
Em desespero, pediu ajuda a todos os Budas, que vieram em sua direção de todos os recantos do universo como uma suave tempestade de neve com seus flocos brancos, segundo diz um texto.
Com seu grande poder, os Budas deixaram-no inteiro de novo, e a partir de então Avalokiteshvara tem onze cabeças e mil braços, e em cada palma das mil mãos tem um olho, significando a união da sabedoria e dos meios hábeis, marca da verdadeira compaixão.
Nessa forma ele ficou ainda mais resplandecente e poderoso do que antes para ajudar todos os seres, e sua compaixão aumentou de intensidade com a contínua repetição de seu voto diante dos Budas: “Possa eu não obter o estado búdico supremo antes que todos os seres sencientes alcancem a iluminação”.
Avalokiteshvara no Pelkor Chode Monastery -Gyantse-Tibet. photo © by god anubys