sábado, 4 de julho de 2015

O gnóstico vive em razão do que ele sabe.

Dezenas de anos antes que o conceito de Gnosis se tornasse lugar comum para muitos pesquisadores a Tradição explicava, a Gnosis dos mistérios egípcios, dos hinduístas, dos budistas esotéricos tibetanos, dos maniqueus, dos essênios, dos bogomilos, dos cátaros e dos rosacruzes do século XVII.

Ela revela a linha gnóstica do ensinamento de Hermes Trismegisto, de Buda Shakyamuni, de Krishna, de Ibn Arabi, de Zoroastro, de Padmasambava, de Lao Tsé e de muitos outros ligados à Gnosis no verdadeiro sentido da palavra. 




Ela incita a buscar por si mesmos o que é e o que não é Gnosis.

Na Fama Fraternitatis, um pedido premente, seu apelo direto aos buscadores, a fim de que se libertassem do cristianismo religioso desta natureza, do cristianismo histórico.

De modo magistral, ela conduz os buscadores das trevas do pensamento religioso para o interior do cristianismo primitivo.

Ela explicava o caminho do renascimento dos mistérios crísticos e gnósticos que cada um pode seguir ao imitar Jesus, o Cristo.

É preciso estender o alcance do cristianismo.

Ele não começa em Belém, porém, milhares de anos antes, e é preciso considerar a intervenção universal de Cristo num decurso de vários milhões de anos.

Uma reorientação para tentar explicar a transformação da consciência está ocorrendo.

Esse fenômeno é acompanhado de eventos extremamente
violentos e desmascaradores.

Muitos se afastam da sociedade em sua forma atual.

O bem e o mal se encontram face a face de forma cada vez
mais grotesca, e através de tudo isso uma nova era abre caminho.

Assistimos o momento em que parte da humanidade se volta contra as paredes que a aprisionam, para abrir uma passagem para fora da prisão onde se encontra presa pelo cristianismo histórico e outras religiões da mesma ordem.

Em razão das mudanças causadas pelo desenvolvimento acelerado da eletrônica, computadores, telecomunicação, internet, navegação, etc.

O homem se afunda cada vez mais na matéria. Entretanto, existe um grupo sempre crescente daqueles cuja consciência submetida às influências cósmicas faz presumir a existência de um mundo totalmente diferente.

No início é apenas uma idéia vaga, incerta, provocada pela perda dos antigos princípios, mas que faz aumentar a sede de conhecimento, de compreensão relativa à origem do homem, de certeza quanto à meta da humanidade e de informação sobre a humanidade original.

Esses buscadores querem penetrar os segredos do cosmo e descobrir as raízes da existência.

O antigo deus histórico está morrendo e o coração se volta para um novo horizonte espiritual.

Mas muitos perigos espreitam porque o poderoso impulso da renovação não pode ainda ser compreendido em toda a sua envergadura pelos homens de olhos vendados.

E eis que já aparecemos comentadores, os exegetas, que tudo sabem mas escondem o essencial, e que afastam esse impulso para levar a humanidade para uma nova prisão.

Muitos grupos e movimentos se apresentam; o Novo Testamento os chama de falsos profetas.

Eles pregam “sua” verdade e adaptam tudo a ela para poder conservá-la.

Enquanto não se voltarem para a luz das luzes, eles não podem agir de outro modo.

As sementes foram espalhadas num passado remoto e o que germinou já amadureceu nos campos da vida.

Quais serão os frutos? Como serão colhidos? A safra amadurecerá em Cristo? Que queremos dizer com as palavras “em Cristo”? O Verbo que é a vida, a luz dos homens, se apóia em três poderosos fundamentos.

A Palavra não é somente a força fundamental da criação; ela também está em todos os escritos sagrados enquanto revelação do conhecimentoue nos esclarece sobre a essência do Espírito e da Alma.

Esse conhecimento é a Gnosis, a Palavra revelada!

A Palavra, o Verbo, foi trazida à humanidade por uma multidão de mensageiros que não falavam apenas da Luz, mas que podiam também liberá-la e transmiti-la.

Como unir-se a essa comunidade?

Libertando-se da existência material e penetrando na Luz que é a Gnosis.

Ela está em cada um, “mais próxima do que mãos e pés”.

Ela nos toca sem interrupção, irradia em nós, envolve-nos e nos penetra de todos os lados.

Quem se torna consciente dela e quer viver nessa luz deve começar por dar alguns passos elementares, purificar-se, adquirir a aptidão e a capacidade de realizar a unidade entre a Alma e o Espírito.

Como alcançar esse estado de iluminação interior?

Dedicando-se a ele totalmente; harmonizando toda a vida a esse processo; libertando-se da antiga natureza material; dando antes de tudo importância à alma imortal e não ao eu mortal; renunciando à antiga natureza.

Se não for assim, tudo permanece como antes.

Continuamos a olhar as coisas pelo lado de fora.

Permanecemos quando muito crentes, ou até mesmo descrentes, mas não nos tornamos transfiguristas.

A força da Rosa é uma radiação que se dirige para o interior e para o exterior.

É um fluido perceptível, um afluxo do prana da vida.

Nessa força se manifestam a Palavra, a Vida, e a Luz dos homens.

O toque no santuário do coração representa o nascimento de Jesus na gruta purificada do coração nascimento que se tornou possível por Cristo, a luz do mundo, a luz onipresente do Espírito Santo.

A causa desses sublimes processos, que ultrapassam de longe a razão comum, é o fermento do universo, a fonte da criação: o amor divino que, ainda desconhecido, se dá a conhecer na nova alma.

Essa é, a verdadeira iluminação interior!

A iluminação interior não é de modo algum reservada aos santos e aos mestres.

Ela faz cintilar uma força luminosa do buscador da Verdade, a fim de irradiar sua consciência e de revelar-lhe uma nova dimensão,o que gera um poder de percepção totalmente diferente, uma visão interior, na qual se exprime a sabedoria divina, a Gnosis.

Essa é a Gnosis da centelha de luz no homem, da alma que vive em comunicação com a luz da Gnosis.

Essa força se eleva acima dos limites humanos e dá prioridade à vida no mundo da alma vivente.

Kali Yuga - A Era do Ferro

A Índia antiga negava toda a realidade no passado, no presente e também no futuro. Ela representava o tempo como um palco onde nasce e morre o mundo transitório das aparências. O tempo, assim como o espaço, é feito de oposições (dvanda). Ambos são gerados na ação dos três gunas, que são três fios da corda que amarra o homem sobre a roda do nascimento e da morte.
Tamas, a gravidade e a ignorância, liga pela negligência e pela indiferença;Rajas, o movimento, a ação, liga pelo orgulho e a vaidade, e pela tendência ao ativismo; Sattva, a harmonia, a paz e a claridade, liga pela tendência a procurar a felicidade e os conhecimentos.
Um ocidental ficará certamente espantado de ver que os indianos dos tempos passados contavam a harmonia e a paz entre o número de vínculos que prendem a este mundo. É uma concepção totalmente estranha à sua ética. A imagem dos três fios da corda corresponde, no entanto, à visão dos gnósticos para quem o bem e o mal se unem um ao outro neste mundo da dualidade.
Além das recorrentes tribulações,decepções e sofrimentos do mundo dos altos e baixos, existe um princípio eterno que liga o mais profundo dos infernos e o mais elevado dos céus com o prana original e abarca todos os mundos. “Deus não deixa perecer a obra de suas mãos”, como é dito na Bíblia.
Segundo a antiga sabedoria dos indianos, o mundo está em queda e continua a se atolar na luta das oposições (dvanda) e na ilusão (maya).
Atualmente ele alcançou o ponto mais baixo, a matéria grosseira, as trevas. Esse nadir será seguido de um período de alívio em que a matéria será menos densa.
Um período do mundo consiste de quatro épocas, sendo a primeira a mais longa, a última a mais curta. Quanto mais o mundo se afasta de seu domínio de origem, que é santo, mais ele se afunda na matéria e mais os períodos se tornam curtos, tornando-se cada vez mais difícil aos grandes iniciados descer no mundo para auxiliar a humanidade.
No Krita Yuga, o dharma, a força da Gnosis, penetra o universo. Todos os seres vivos se consagram inteiramente a manter a ordem sagrada. O nome Krita faz referência à origem, ao primeiro lançamento de dados no jogo de azar. O número quatro exprime uma totalidade. A primeira época se auto-sustenta. Ela se “mantém sobre quatros pernas”
No Tetra Yuga, o ritmo do mundo se acelera. Só três quartos do dharma sagrado estão presentes. As leis sagradas já não são espontaneamente postas em prática, mas devem ser ensinadas e aprendidas. A ordem divina só se “mantém sobre três pernas”.
O Dvapara Yuga (dva = 2) é a época em que foi estabelecido o equilíbrio entre a perfeição e a imperfeição. O conhecimento direto da ordem divina é cada vez menos acessível.
No Kali Yuga (kala = negro, tenebroso) a transmissão das normas santas é totalmente perdida. No jogo de dados, Kali é a jogada do perdedor.
Segundo o Vishnu Purana, o Kali Yuga começa quando na sociedade o único poder é o da riqueza, a única virtude, a posse, a única ligação entre o homem e a mulher, a paixão, a única fonte de prazer, o acasalamento, o único fundamento do sucesso, a traição..
A destituição do divino, do dharma, do ensino, é a razão pela qual o Kali Yuga dura menos tempo.
Esta época, na qual a humanidade atualmente se encontra, e começou na morte do divino Krishna (por volta de 3120 a.C.)
O homem deve libertar em si mesmo a substância divina. Os Upanishads cantam, em versos magníficos, o progresso até a união com Brahman, o divino original. Essa realização é alcançada quando as cinco camadas dos “véus da ignorância”, como os chama Shankara, se rasgam.
A história da espiritualidade indiana é constituída de uma série de tentativas para acompanhar a queda do homem na matéria e indicar-lhe o caminho da reintegração divina.
Em outras palavras, libertá-lo do ciclo dos nascimentos, das garras de Maya, a ilusão. No início ainda era possível se libertar simplesmente rasgando os véus da ignorância para ver a ausência de realidade do mundo das aparências.
Mais tarde, o homem precisou se submeter a um processo inteiramente apoiado pelo budismo, entre outros. Em seguida, à medida que o homem afundava na matéria, foi preciso criar novas condições para que ele pudesse retornar a sua origem.
Quinhentos anos depois de Buda, Mestre Jesus disse: “Meu reino não é deste mundo”. Segui-lo significa seguir um caminho no qual o inferior deve morrer e abrir espaço para a nova Alma.
O caminho da libertação espiritual é percorrido na atualidade, hoje e agora: eis o que já ensinava a antiga sabedoria indiana.
"Aquele que reconhece Deus oculto em si, no original-eterno, misterioso,
que permanece no coração, eleva-se acima da alegria e da dor
O espírito não nasce e não morre,
Ele não provém de nenhum lugar e não vai a nenhum lugar.
Ele é imutável e eterno,
Ele está vivo mesmo que o corpo esteja morto.
Ínfimo e, no entanto, maior do que o maior,
Deus está escondido no coração da criatura.
A majestade do ser reconhece, na calma,
Aquele que, sem desejo, libertou-se da dor e das preocupações."

Budismo Linhagens