segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Pra que servem obstáculos

Assolados por aflições, descobrimos o Dharma
E encontramos o caminho da liberação.
Obrigado, forças malignas!
Quando tristezas invadem a mente, descobrimos o Dharma
E encontramos felicidade duradoura.
Obrigado, tristezas!
Através do dano causado por espíritos, descobrimos o Dharma
E encontramos destemor.
Obrigado, fantasmas e demônios!
Através do ódio das pessoas, descobrimos o Dharma
E encontramos benefício e felicidade.
Obrigado, aqueles que nos odeiam!
Através da adversidade cruel, descobrimos o Dharma
E encontramos aquilo que não muda.
Obrigado, adversidades!
Através daqueles que nos forçam, descobrimos o Dharma
E encontramos o significado essencial.
Obrigado a todos que nos impelem!
Dedicamos o mérito a todos vocês, para retribuir sua gentileza.
Longchenpa
Patrul Rinpoche (Tibet, 1808-1887)
“As Palavras do Meu Professor Perfeito“

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A Maneira Adequada de Ouvirmos o Ensinamento Espiritual

A atitude.
A vasta atitude da bodhichitta [Mahayana]: É para o bem-estar dos outros que vou ouvir o Dharma profundo e colocá-lo em prática. Conduzirei todos os seres, meus pais, atormentados pelas misérias dos seis reinos da existência, ao estado búddhico onisciente, liberando-se de todos os fenômenos kármicos, padrões habituais e sofrimentos de cada um dos seis reinos.
A vasta habilidade nos meios [Vajrayana]:

Não considere:
O lugar onde o Dharma está sendo ensinado,
O mestre,
A assembléia,
Os ensinamentos e
O tempo como sendo comuns e impuros. Conforme você ouve, claramente mantenha as cinco perfeições na sua mente:

O lugar perfeito é a cidadela da expansão absoluta, chamada Akanishtha, o Insuperável;
O mestre perfeito é Samantabhadra, o dharmakaya;
A assembléia perfeita consiste de bodhisattvas e divindades, masculinas e femininas, da linhagem da mente dos conquistadores e da linhagem dos símbolos dos vidyadharas.

Ou você pode pensar que o lugar onde o Dharma está sendo ensinado é o Palácio da Luz de Lótus da Gloriosa Montanha Cor-de-cobre, o mestre que ensina é Padmasambhava de Uddiyana e nós, a audiência, somos os oito vidyadharas, os vinte e cinco discípulos, dakas e daknis. Ou considere este lugar perfeito como a terra pura oriental, Alegria Manifesta, onde o mestre perfeito Vajrasattva, o sambhogakaya perfeito, está ensinando à assembléia de divindades da família Vajra e aos bodhisattvas, masculinos e femininos.

Igualmente, o lugar perfeito onde o Dharma está sendo ensinado pode ser a terra pura oriental, Alegre, o mestre perfeito pode ser o Buddha Amitabha e a assembléia pode ser de bodhisattvas e divindades, masculinos e femininos, da família Padma.

Em qualquer que for o caso, o ensinamento é o do Mahayana e o tempo é a roda da eternidade, sempre girando. Estas visualizações são para nos ajudar a entender como as coisas são na realidade. Não é que estamos temporariamente criando algo que não existe realmente.

Conduta
O que evitar:
Os três defeitos do pote:
Não ouvir os ensinamentos é como um pote virado para baixo.
Não ser capaz de reter o que você ouviu é como um pote com um furo.
Misturar emoções negativas com o que você ouviu é como um pote como veneno dentro.
As seis máculas: Orgulho, falta de fé, falta de esforço, distração externa, tensão interna e desencorajamento, estas são as seis máculas.Evite os seis:
Acreditar orgulhosamente que se é superior ao mestre que está explicando o Dharma;
Não acreditar no mestre e em seus ensinamentos;
Falhar em se aplicar no Dharma;
Ser distraído por eventos externos;
Focalizar seus cinco sentidos muito decididamente para o interior; e
Ser desencorajado se, por exemplo, um ensinamento for muito longo.

Os cinco modos errôneos de lembrar:
Evite se lembrar das palavras mas se esquecer do significado;
Ou se lembrar do significado mas se esquecer das palavras.
Evite se lembrar tanto das palavras quanto do significado mas sem ter o entendimento;
Lembrá-los fora de ordem; ou
Lembrá-los incorretamente.

O que fazer
As quatro metáforas:
Você deve considerar a você mesmo como alguém que está doente;
O Dharma como o remédio;
Seu amigo espiritual como um médico hábil; e
A prática diligente como o modo de se recuperar.

Algumas pessoas se comportam:
Como se o seu mestre espiritual fosse um almiscareiro;
Como se o Dharma fosse o almíscar;
Como se eles mesmos fossem os caçadores; e
Como se a prática intensa fosse o modo de matar o almiscareiro, como uma flecha ou uma armadilha. Eles não praticam os ensinamentos que receberam e não sentem gratidão diante do mestre. Eles usam o Dharma para acumular más ações enquanto são dragados como um fardo pesado para os reinos inferiores.

As seis perfeições transcendentes:
Prepare o assento do mestre, coloque almofadas sobre o assento, ofereça uma mandala, flores e outras coisas; esta é a prática da generosidade.
Limpe o lugar ou sala depois de tirar cuidadosamente a poeira com água e evite toda conduta desrespeitosa; esta é a prática da disciplina.
Evite causar mal aos seres, mesmo ao menor dos insetos, e suporte o calor, o frio e todas as outras dificuldades; esta é a prática da paciência.
Deixe de lado todas as visões errôneas sobre o mestre e o ensinamento e ouça alegremente com fé genuína; esta é a prática da diligência.
Ouça às instruções do mestre sem distração; está é a prática da concentração.

Pergunte questões para limpar quaisquer hesitações e dúvidas; esta é a prática da sabedoria.
utros modos de conduta: Tome o assento mais baixo, cultive o suporte dignificado da disciplina completa. Com seus olhos transbordando de alegria, beba das palavras como um néctar e esteja completamente concentrado. Este é o modo de ouvir o ensinamento espiritual.

Patrul Rinpoche (1808-1887)
“As Palavras do Meu Professor Perfeito”
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Budismo Tibetano Vajrayana


S.S. Dudjom Rinpoche, entre S.S. Chatral Rinpoche e S.S. Dilgo Khyentse Rinpoche, Preciosos Mestres do Budismo Tibetano Vajrayana.

Externamente, esta era de caos e conflitos entra em erupção;
Internamente, a exaustão engolfa corpo e mente;
Secretamente, pensamentos vívidos inundam a mente consciente.
O praticante que transcende esses três
Mantém uma mente feliz e é… ah, tão contente!


Dudjom Rinpoche (Tibet, 1904 – França, 1987)

Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

As Quatro Nobres Verdades, Sidarta Gautama, o Senhor Buddha Shakyamuni

As Quatro Nobres Verdades, são um elemento central da doutrina do budismo. Estas verdades referem-se ao sofrimento (dukkha*), sua natureza, sua origem, sua cessação e o caminho que conduz a essa cessação.
*Dukkha”, a palavra usada nos sutras, na verdade é mais próxima de termos de uso comum no mundo moderno como “inquietação”, “mal estar”, “desconforto” e “insatisfação”
As Quatro Nobres Verdades estão entre as diversos conhecimentos que Sidarta Gautama, o Senhor Buddha Shakyamuni realizou durante sua iluminação.
As Quatro Nobres Verdades aparecem diversas vezes ao longo dos mais antigos textos budistas, no Cânone Páli.
Os primeiros ensinos e a compreensão tradicional no budismo são que as Quatro Nobres Verdades são ensinamentos avançados para aqueles que estão prontos a elas. Considera-as como um ensinamento prejudicial para as pessoas que não estão prontas.
O objetivo de Buddha em vida era descobrir a verdade e alcançar a real e estável felicidade.
Diz-se que ele alcançou este objetivo meditando debaixo da árvore bodhi próximo ao rio Neranjana. As Quatro Nobres Verdades são a conclusão de seu entendimento sobre a natureza do "sofrimento", sobre a causa fundamental de todo o sofrimento, sobre a fuga do sofrimento e sobre esforço que uma pessoa pode fazer para alcançar a felicidade.
"As Quatro Nobres Verdades, monges, são reais, infalíveis, e não o contrário. Portanto, elas são chamadas de nobres verdades."
Buddha também disse que as ensinou...
"porque são benéficas, porque pertencem aos fundamentos da vida santa, que conduz ao desencantamento, a dissipação, a cessação do sofrimento, à paz, ao conhecimento direto, à iluminação, ao Nirvana. É por isso que eu as declarei."
As Quatro Nobres Verdades constituem o primeiro ensinamento proferido pelo Buddha após sua verdadeira iluminação.
1°) A Realidade do Sofrimento (Dukkha):
Esta é a nobre verdade do sofrimento. Muitas vezes a primeira Nobre Verdade proferida por Buddha Shakyamuni após sua iluminação é traduzida como "A vida é sofrimento", ou "Existe sofrimento", sempre indicando a natureza sofrida da vida.
Em um primeiro momento esse ensinamento pode parecer demasiado pessimista e deprimente. Mas isso se deve à tradução simplista do termo.
A primeira Nobre Verdade diz respeito à dukkha, que não tem uma tradução literal, mas sim é todo um conjunto de idéias. Assim é possível expressar que nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento."
De uma maneira geral, dukkha diz respeito ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre boas experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento).
Todos os seres buscam a felicidade e procuram se afastar do sofrimento, no entanto nessa busca de felicidade e dentro da própria felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros.
Podemos pensar da seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos medo de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos.
Podemos ver então que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesmo pode se tornar causa de uma experiência de sofrimento.
Além disso, as experiências são impermanentes, as idéias, os conceitos, os pensamentos, todos são impermanentes, mudam.
Por isso, dentro da experiência de felicidade existe a causa de uma experiência de sofrimento, pois ela também é impermanente e irá mudar.
2°) Realidade da Origem do Sofrimento (Samudaya):
Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensoriais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.
3°) A Realidade da Cessação do Sofrimento (Nirodha):
Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele."
4°) A Realidade do Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento:
Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."
Que todos os seres possam se beneficiar!

O Nobre Caminho Óctuplo, Sidarta Gautama, o Senhor Buddha Shakyamuni

O nobre caminho óctuplo é um treinamento para erradicar a ganância, o ódio e a ilusão, vistos como as raízes do sofrimento. Também é conhecido como o "caminho do meio" porque é baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos.
Essas oito práticas foram descritas pelo Senhor Buddha, o Desperto.
"Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."

No simbolismo budista, o nobre caminho óctuplo é frequentemente representado pela roda do dharma, cujos oito aros representam os oito elementos do caminho. O Nobre Caminho foi delineado pelo Tathagata já no seu primeiro discurso após a iluminação, o "Discurso do colocar a roda em movimento".
1°) Compreensão correta: Compreensão de acordo com as Quatro Nobres Verdades de maneira a entender as coisas como elas realmente são:
2°) Pensamento correto: O pensamento da renúncia, de desenvolver as nobres qualidades, não tendo má vontade em relação aos outros, não querendo causar o mal (nem em pensamentos).
3°) Fala correta: Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou caluniosas. Falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora.
4°) Ação correta: Abster-se de destruir a vida, abster-se de tomar aquilo que não for dado, abster-se da conduta sexual imprópria.
5°) Meio de vida correto: um modo de vida equilibrado, nem perdulário nem mesquinho e que não cause mal a outros seres. Inclui ter uma profissão que não esteja em desacordo com os princípios.
6°) Esforço correto: Abandonar estados prejudiciais e as causas para futuros estados prejudiciais. Cultivar estados benéficos que tenham surgido e condições para futuros estados benéficos.
7°) Atenção correta: Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas.
8°) Concentração correta: Estabilidade e foco mental.
Que todos os seres possam se beneficiar!